Portal Making Of

|Coluna de Economia| Combustíveis ficam mais caros a partir de 1º de fevereiro

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A partir deste sábado (1º), o preço dos combustíveis vai sofrer aumento devido ao reajuste do ICMS em todo o Brasil, conforme determinação do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). A gasolina deve aumentar em até R$ 0,10 por litro, enquanto o diesel deve subir R$ 0,06 por litro. O aumento é consequência da Lei Complementar nº 192/2022, que instituiu a alíquota fixa por litro (ad rem) para combustíveis nos estados. Em Santa Catarina, o preço médio da gasolina já está em R$ 6,29, acima da média nacional de R$ 6,19, segundo dados da Petrobras e da ANP. Embora o ICMS seja um imposto estadual, o impacto desse reajuste pode pressionar a inflação ao encarecer o transporte e a logística no país.

 

Impacto no bolso: alta dos combustíveis pode pressionar inflação. O aumento do ICMS sobre os combustíveis deve gerar um efeito em cadeia na economia, com impacto em setores como transporte e logística, o que pode resultar na elevação dos preços de bens e serviços. A gasolina tem peso no cálculo do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o principal indicador da inflação no Brasil. Para especialistas, a alta pode reduzir o poder de compra da população e dificultar a política de controle inflacionário do Governo Federal. Além disso, a Petrobras enfrenta defasagem nos preços praticados internamente em relação ao mercado internacional e acumula perdas estimadas em R$ 20 bilhões desde o início do atual governo. A expectativa é de que um reajuste no diesel seja anunciado em breve, enquanto a gasolina, por ora, não deve sofrer alterações.

 

Preço dos combustíveis e formação dos valores: entenda os fatores. O preço dos combustíveis no Brasil é influenciado por diversos fatores, tais como custos de produção da Petrobras, impostos estaduais e federais, e variações cambiais. Atualmente, o preço médio da gasolina no Brasil é de R$ 6,19, enquanto em Santa Catarina o valor médio já atinge R$ 6,29, segundo levantamento da ANP. Com o novo modelo de tributação do ICMS, que agora adota um valor fixo por litro em vez de um percentual sobre o preço final, a alíquota para 2025 será de R$ 1,47 por litro para gasolina e etanol, R$ 1,12 por litro para diesel e biodiesel, e R$ 1,39 por quilo para GLP. Especialistas alertam que, embora o aumento do imposto não determine diretamente o preço final ao consumidor, a tendência é de ree integral para as bombas, o que pode resultar em novos reajustes ao longo do ano.

 

A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (31) um reajuste de R$ 0,22 no preço do litro do diesel para as distribuidoras, que entrará em vigor a partir deste sábado (1º). Com isso, o preço médio do combustível nas refinarias ará a ser de R$ 3,72 por litro. O aumento se soma à alta do ICMS, que também subirá R$ 0,06 por litro no mesmo dia, impactando diretamente o valor final ao consumidor, que já está em R$ 6,17, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP). O governo acompanha com preocupação o reajuste, pois o diesel influencia diretamente os custos do transporte de cargas e, consequentemente, o preço dos alimentos e a inflação. Esse é o primeiro aumento no preço do diesel da Petrobras desde outubro de 2023, quando o litro subiu R$ 0,25. A estatal destaca que, desde dezembro de 2022, houve uma redução acumulada de 17,1% nos preços do diesel.

 

Governo cumpre meta fiscal em 2024, mas mercado segue desconfiado. Apesar do pessimismo do mercado, o governo federal fechou 2024 com um déficit primário de R$ 43 bilhões (0,36% do PIB), dentro da meta fiscal, representando uma queda de 81% em relação a 2023. Sem os créditos extraordinários para desastres naturais, o déficit efetivo cai para R$ 11,03 bilhões (0,09% do PIB), bem abaixo do limite de 0,25% permitido pelo arcabouço fiscal. O resultado foi impulsionado pela arrecadação recorde de R$ 2,65 trilhões e pelo bloqueio de R$ 17,6 bilhões em gastos. Curiosamente, o mercado, que erra 95% de suas previsões desde 2011, segue cético e alerta para a alta da dívida pública. Para 2025, o governo prevê um pacote de cortes de R$ 69,8 bilhões, mas fica a dúvida: preocupação fiscal ou antecipação eleitoral?

 

O dólar comercial encerrou a quinta-feira (30/01) em R$ 5,852, com leve queda de 0,24%, refletindo um movimento de acomodação após períodos de alta volatilidade. A moeda americana chegou a R$ 5,952 no pico do dia, mas seguiu trajetória descendente ao longo da sessão, indicando um ajuste no mercado cambial. Esse movimento ocorre quando o Banco Central eleva a Selic para 13,25% ao ano, um aumento de 1%. Com a redução da pressão especulativa, o câmbio busca um novo ponto de equilíbrio, afasta oscilações abruptas e permite um cenário de menor instabilidade para investidores e empresas que dependem da cotação do dólar. E esse movimento também é um alívio para a pressão inflacionária.

 

 

Deportação de brasileiros dos EUA pode representar uma oportunidade para o mercado de trabalho. O crescente número de brasileiros deportados dos Estados Unidos, que já soma mais de 7 mil pessoas em 94 voos desde 2020, pode representar uma oportunidade para o mercado de trabalho nacional, especialmente em estados como Santa Catarina, onde há pleno emprego e sobram vagas em diversos setores. Enquanto o governo brasileiro trabalha para garantir tratamento digno e segurança nos voos de deportação, com denúncias de maus-tratos, agressões e privação de necessidades básicas, também busca alternativas para a reintegração desses trabalhadores no país. Com programas de qualificação profissional e incentivo à inserção no mercado formal, a chegada desses brasileiros pode beneficiar tanto a economia quanto os próprios trabalhadores, que encontram novas oportunidades para reconstruir suas vidas no Brasil.

 

Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasil

Pé-de-Meia: investimento na qualificação da mão de obra. A falta de mão de obra qualificada no Brasil é um obstáculo para o crescimento do setor produtivo, tornando essencial o investimento em educação e capacitação profissional. O Pé-de-Meia, programa do governo federal que concede incentivos financeiros a estudantes do ensino médio e licenciaturas, cumpre um papel estratégico ao reduzir a evasão escolar e garantir que mais jovens concluam seus estudos e se qualifiquem para o mercado de trabalho. Em estados como Santa Catarina, onde há pleno emprego e carência de profissionais capacitados, programas como esse são fundamentais para preparar novas gerações para atender às demandas do setor produtivo. Mas a descontinuidade do Pé-de-Meia a partir de março de 2025 ameaça esse avanço e coloca em risco não a educação de milhares de jovens e o desenvolvimento econômico do país a médio e longo prazo. Manter os estudantes na escola é uma política social, mas também investimento estratégico na economia nacional.

 

41 mil contratações do “Minha Casa, Minha Vida”. O programa habitacional Minha Casa, Minha Vida impulsionou o setor imobiliário em Santa Catarina, que encerrou 2024 com 41.890 contratações de unidades habitacionais, consolidando-se entre os dez estados com maior número de adesões desde a retomada do programa pelo Governo Federal em 2023. No Brasil, o programa superou em 25% a meta de um milhão de contratos até dezembro e chegou a 1,268 milhão de residências contratadas, ultraando 60% da meta prevista para 2026. No estado, 270 dos 295 municípios registraram contratações, com destaque para ville (5.210), Palhoça (3.539) e Blumenau (3.242). A maior parte das contratações catarinenses ocorreu na modalidade FGTS, voltada para famílias com renda de até R$ 8 mil, com 35.610 financiamentos. Além de reduzir o déficit habitacional, o programa movimentou o setor da construção civil e gerou empregos, com 53% dos lançamentos imobiliários no último trimestre de 2024 impulsionados pelo programa. Para 2025, o Governo Federal prevê um orçamento recorde de R$ 140 bilhões, ampliando o o ao crédito e a retomada de obras.

 

Lei Paulo Gustavo e movimenta setor cultural catarinense. Santa Catarina se destacou na execução da Lei Paulo Gustavo, utilizando 95,8% dos recursos recebidos pelo Governo Federal para fomentar a cultura no estado e em seus municípios. Ao todo, foram R$ 126,4 milhões aplicados, dos quais R$ 91,21 milhões destinados a projetos audiovisuais e R$ 35,18 milhões para outras áreas culturais, como música, dança, artes visuais e digitais. Aqui no Estado, a execução atingiu 99,6% dos valores disponíveis, com ville na liderança dos municípios, com a aplicação R$ 4,76 milhões, seguida por Florianópolis (R$ 4,19 milhões) e Blumenau (R$ 2,93 milhões). No Brasil, a lei garantiu o maior investimento direto na cultura da história do país, com R$ 3,93 bilhões executados, equivalente a 95% do total previsto.

 

95% de cobertura vacinal. Santa Catarina avançou na imunização infantil com o aumento do número de municípios que superaram a meta de 95% de cobertura vacinal para vacinas essenciais. O estado registrou um crescimento de 204 para 212 municípios que atingiram a meta da vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) entre 2022 e 2024, enquanto a segunda dose ou de 57 para 134 cidades. Na vacinação contra a poliomielite, o número de municípios que atingiram a cobertura mínima subiu de 128 para 148 no mesmo período. Esses avanços acompanham a tendência nacional impulsionada pelo Movimento Nacional pela Vacinação, lançado em 2023 para reverter a queda na adesão aos imunizantes desde 2016. O Brasil registrou um aumento na cobertura vacinal em 15 das 16 vacinas infantis em 2024. O Ministério da Saúde também garantiu 100% da demanda de imunizantes para os estados e ampliou o orçamento para R$ 7 bilhões em 2025 e comprou de 260 milhões de doses.

 

Kellanova amplia fábrica em SC com incentivo fiscal. A multinacional Kellanova, dona de marcas como Pringles e Sucrilhos, anunciou nesta terça-feira, 28, um investimento de R$ 360 milhões em sua operação em São Lourenço do Oeste, Santa Catarina. O projeto, que inclui a inauguração de um centro de distribuição e a expansão da fábrica local, deve gerar 140 novos empregos até 2026. A decisão foi impulsionada por incentivos fiscais do Programa de Desenvolvimento Empresarial e Competitividade (Prodec), que oferece benefícios como a postergação de parte do ICMS.  Santa Catarina abriga hoje o maior parque industrial da Kellanova na América Latina.

 

Foto: Rodovia / Crédito: Pixabay
Foto: Rodovia / Crédito: Pixabay

Rota Bioceânica pode impulsionar economia e comércio exterior.  A Rota Bioceânica, corredor logístico que liga o Brasil ao Oceano Pacífico, promete transformar o comércio exterior de Santa Catarina ao oferecer uma nova alternativa de escoamento para produtos. O trajeto, que conecta o estado ao Paraguai, Argentina e Chile, reduz em até 8 dias o tempo de transporte de mercadorias para mercados asiáticos e pode tornar o estado ainda mais competitivo. No 14º Encontro de Líderes do Sistema Confea/Crea e Mútua, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, destacou que o Projeto das Rotas de Integração Sul-Americana representa desenvolvimento, emprego e renda para o Brasil e reforçou a importância dessa conexão logística.

O Brasil investe ainda em outras três rotas estratégicas para a integração regional: a Rota do Rio Amazonas, a Rota Ferroviária Paranaguá-Antofagasta e a Rota Hidroviária Porto Murtinho-Vaca Muerta. Esses corredores logísticos visam otimizar o transporte de cargas e reduzir custos operacionais para o setor produtivo. Segundo estudos apresentados no evento, a integração entre os países pode gerar até 10 milhões de empregos e um crescimento do PIB regional em 6% nos próximos anos.

Para Santa Catarina, a Rota Bioceânica representa uma grande oportunidade de fortalecer seu papel como hub logístico do Sul do Brasil. O estado já se destaca por sua infraestrutura portuária eficiente e pode se beneficiar diretamente do aumento das exportações para os mercados asiáticos, ampliando as oportunidades para indústrias locais e o agronegócio. Melhorar a logística é essencial para um estado que há anos enfrenta déficits de investimento e gargalos estruturais, comprometendo o potencial de crescimento e competitividade.

 

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Retrocesso corporativo: o enfraquecimento dos programas de inclusão nas empresas.  Enquanto a Apple reafirma seu compromisso com a diversidade, equidade e inclusão (DE&I), grandes corporações do Vale do Silício cedem à pressão contrária, com desmonte de iniciativas que garantiram avanços na representatividade dentro das empresas. O movimento anti-DE&I, impulsionado por setores conservadores e acionistas que priorizam ganhos de curto prazo, ameaça reverter conquistas históricas no ambiente corporativo, o que torna as empresas menos inclusivas e inovadoras. A decisão da Apple de manter seus programas de inclusão, desafia investidores contrários à diversidade, expõe a contradição entre discursos de responsabilidade social e práticas empresariais que, sob o pretexto de “neutralidade”, excluem talentos de grupos sub-representados. Empresas que enfraquecem políticas inclusivas ignoram o impacto social e as evidências econômicas de que a diversidade é um motor de inovação e crescimento sustentável. O Vale do Silício, outrora símbolo de progresso, agora se divide entre quem resiste ao retrocesso e quem se curva à retórica da exclusão. Que essa onda não ganhe força por aqui.

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

Compartilhe esses posts nas redes sociais: