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Prefeitura de Florianópolis e servidores travam batalha na mídia e nas ruas!

Foto: Manifestação dos funcionários públicos municipais de Florianópolis contra a Reforma da Previdência / Crédito: reprodução - Sintrasem

A guerra é clara. De um lado, a gestão de Topázio Neto é implacável e precisa correr contra o tempo para frear o grave quadro de endividamento, para manter-se dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal e garantir a sustentabilidade dos pagamentos a longo prazo. Mas decisões são tomadas de cima para baixo — pelo menos essa é a indicação do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem) — em relação à atual proposta de reforma da previdência. A forma de governar também reflete na incumbência de funções especializadas a pessoas sem a devida qualificação ou mesmo da temerária mudança curricular. Some-se a isso a permanência do serviço de coleta de lixo terceirizado, que, segundo alguns, “é um lixo”.

As redes sociais funcionam como aliada do prefeito, servem até mesmo para tachar de “mal-intencionado” quem defende uma Florianópolis para todos e não apenas para o setor da construção civil. E olha que o ganha-ganha seria benéfico para toda a cidade, especialmente para os manezinhos apaixonados por esta ilha — sejam aqueles nascidos na maternidade Carlos Corrêa, na Carmela Dutra, ou mesmo os que sentem o coração bater mais forte ao pisar na Ilha da Magia. Qualquer sinal de desentendimento, e o prefeito logo recorre às redes – “uma mãe”, lança um reels, e seus seguidores, insuflados pelo start de comentários positivos, tomam partido e atacam quem se opõe ao “menino mimado”.

A vida de um prefeito não é fácil. Governar também é uma arte, mas quando se tem a Câmara Municipal nas mãos, a conversa muda. Há algum tempo, a democracia não está equilibrada e funciona apenas no faz de conta. A Câmara age como um apêndice da Prefeitura, e qualquer tentativa de fiscalizar a gestão, seja por meio da instalação de Is ou de medidas para garantir a transparência, é barrada por vereadores que ignoram o mérito das questões e a importância desses movimentos para a lisura da istração pública.  E escândalos não faltam para isso: investigação do Ministério Público de SC, afastamentos, prisões e denúncias até mesmo no primeiro escalão. Se o prefeito decidir aprovar o Plano Diretor ou a Reforma da Previdência, ele consegue – simples assim.

É fácil agradar à população que só vê o lado festivo e as redes sociais e ignora a continuidade de obras essenciais e os problemas que assolam a cidade. Em janeiro, não foi apenas a enxurrada que alagou Florianópolis, mas também a falta de manutenção regular em áreas de risco, como o desassoreamento do Canal Elias e Rio Itacorubi, que corta o bairro Itacorubi e, desta vez, arrastou carros e inundou uma das áreas nobres da capital – como há muitos anos não se via. Talvez esses moradores tenham mais voz, mas aqueles que enfrentam a precariedade da coleta de lixo no norte da Ilha, a falta de manutenção nos equipamentos turísticos da Joaquina ou as águas impróprias para banho na Lagoa do Peri — que já ostentou a bandeira azul — não têm.

Não adianta gritar para quem não quer ou finge não ouvir. Só a voz positiva das redes sociais basta. Mas, neste caso, o mérito é da equipe de comunicação, que dá um banho no jogo de golpes e contragolpes sobre os assuntos polêmicos.

Por fim, uma sugestão ao prefeito Topázio Neto — para que depois não diga que há má intenção: não leve para o lado pessoal as contestações aos seus atos, principalmente quando eles atingem a vida dos servidores públicos ou da população que verdadeiramente se importa com a cidade. A conversa pode ser difícil, mas a construção é positiva inclusive para sua carreira política. O contraponto é essencial para o desenvolvimento, embora, à primeira vista, possa parecer um obstáculo.

E um recado para os vereadores: sigam o exemplo do vereador João Bericó (PL), que, em um pronunciamento firme, disse:

“O Rio Vermelho tá virado em lixo. Os Ingleses estão uma lástima. A empresa é incompetente. Topázio, está na hora de trazer a Comcap de volta. Entrega para a Comcap que o serviço vai ser melhor.”

E complementando a fala, a declaração precisa do vereador Afrânio Bopré (PSOL):

“Eu avisei, simples assim. Serviço porco, caro e tem alguém levando. Por isso, eu pedi I nesta casa e ninguém me acompanhou.”

 

Pontos controversos na Educação e na Previdência

A relação entre a Prefeitura de Florianópolis e os servidores municipais têm se deteriorado diante de uma série de medidas impopulares que afetam diretamente a educação e a previdência dos trabalhadores. Reformas controversas, cortes de profissionais especializados e mudanças na grade curricular levaram ao acirramento do embate entre a gestão do prefeito Topázio Neto (PSD) e os profissionais da rede pública, culminando em greves e manifestações.

Educação Especial em Risco. A Portaria nº 28/2025, publicada pela prefeitura, alterou o atendimento na educação especial, substituindo Professores Auxiliares de Educação Especial (PAEEs) por auxiliares de sala, profissionais sem a mesma formação pedagógica. A medida foi fortemente criticada pelo Sintrasem, que denuncia a queda na qualidade da educação inclusiva e a precarização do trabalho. Segundo o sindicato, o número de professores especializados caiu de 600 para apenas 18, enquanto foram criadas 312 vagas para auxiliares de sala, categoria inexistente até então. A prefeitura argumenta que a mudança busca ampliar o atendimento aos alunos, mas a repercussão negativa levou a istração municipal a suspender temporariamente as nomeações e discutir a revogação da portaria.

Mudanças na Grade Curricular Geram Repúdio dos Professores. Além dos cortes na educação especial, a Secretaria Municipal de Educação implementou alterações na grade curricular do 9º ano sem consulta à comunidade escolar. A medida ampliou a carga horária de Língua Portuguesa e Matemática, reduzindo disciplinas como História, Geografia, Educação Física e Ciências. Segundo os professores, essa mudança pode prejudicar o desempenho dos alunos em avaliações como o ENEM e vestibulares, além de ignorar a necessidade de um ensino equilibrado. O manifesto da categoria também denuncia a falta de debate democrático, alegando que a decisão fere o princípio da gestão democrática da educação, garantido pela Constituição Federal e pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação). Educadores exigem a suspensão imediata da medida e a abertura de diálogo para garantir uma educação pública de qualidade.

Reforma da Previdência e Greve Geral. O descontentamento dos servidores atingiu seu ápice com o envio à Câmara de Vereadores da Proposta de Emenda à Lei Orgânica 110/2025 e do Projeto de Lei Complementar 1.976/2025, que alteram as regras previdenciárias dos funcionários públicos de Florianópolis. A prefeitura justifica a necessidade da reforma alegando um déficit atuarial de R$ 7,9 bilhões e um rombo financeiro mensal de R$ 10 milhões. No entanto, o Sintrasem considera a proposta um ataque aos direitos dos trabalhadores, o que motivou a decretação de greve por tempo indeterminado. Para o sindicato, a medida penaliza os servidores sem apresentar soluções reais para a crise do sistema previdenciário.

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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